quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dica³ x 11 - Gran Torino

Por Marcelo Cotinha,


Nossa caminhada é árdua... A Bíblia diz que o homem viverá apenas 70 anos e o que passar disso é cansaço e fadiga. Clint Eastwood é uma exceção desta regra. Em seus 80 anos de vida, além de ser um ator excelente, ultimamente tem se colocado atrás das câmeras e dirigindo de maneira extraordinária. Foi assim com A TROCA, que breve tecerei comentários por aqui, assim como no novíssimo INVICTUS, que trarei em C³ e não em uma Dica³. O filme que me encantei desta vez foi o ótimo Gran Torino.

Não é uma história sobre o carro que da o nome ao título do filme. Não. É bem mais que isso. É uma história de vida. História de vidas. Narra a Saga de Walt Kowalski, vivido pelo próprio Eastwood, que acaba de ficar viúvo e vê seu bairro se enchendo de orientais oriundos do Laos. Walt é um homem preconceituoso ao extremo e repudia os novos vizinhos de modo asqueroso. Em contra partida, não tem apreço nem é apreciado pela sua família. Sua companhia é apenas Dayse, sua cadela e seu Ford Gran Torino 1972, cuja direção foi posta pelas suas próprias mãos, nos tempos em que trabalhava na fábrica da montadora ianque.

Há uma relação interessante entre Walt e o Padre Janovich (Christopher Carley). O padre, por ser jovem, é insultado todos os dias que procura Walt. Mas mesmo assim, ele continua perseverando, rogando ao rabugento para ele se confessasse, conforme sua mulher em vida tinha pedido. Mas essa não é o ponto chave do filme. O que Eastwood tenta nos mostrar é que apesar de formado, crescido, vivido, e com seus preconceitos bem definidos, é possível mudar. É possível rever conceitos e destituir os preconceitos. E Walt consegue superar parte dessa barreira. Ele teve um contato com orientais na Guerra da Coréia, onde lutou pelos Exército Americano, e foi até condecorado por isso. Tinha restrições gigantescas a respeito dos “chinas”, como ele mesmo se referia. Mas teve apreço pela família de Thao (Bee Vang) e Sue (Ahney Her). Com o primeiro, seu relacionamento inicia-se conturbado, mas aos poucos se transforma em uma amizade impar. As atuações são muito convincentes e Eastwood está simplesmente digno de aplausos de pé.

O filme, apesar de tratar de um tema interessante, que é a tolerância étnica nos Estados Unidos, geralmente vitimando Latinos e Negros, agora pega no pé dos “chinas” e graças a uma visão peculiar de Eastwood, nos deixa comovidos com o desfecho. Isso prova que pode se inovar apesar de ser um tema clichê. E falando na previsibilidade, o filme tem momentos totalmente previsíveis. Assistimos e aguardamos Walt mudar de posição perante seus vizinhos orientais e perante o Padre Janovich. É obvio que isso ocorreria. Mas isso não tira o mérito do filme de modo algum. Gran Torino é um excelente filme. Confesso que um drama desses só poderia passar pelas mãos de Eastwood. Ele é continua como referência no cinema, como ator e diretor. A trilha sonora é um espetáculo à parte. Clint até escreveu a música GRAN TORINO e ela no filme, tanto no início quanto no final, é emocionante. Gran Torino é filme de prateleira, é um caminhão cheio de Fita Cassete e VHS branco! Um grande e emocionante filme. Vale à pena passar 1:56:18 sentado assistindo a película. De tantos adjetivos dados aqui, Cativantemente Emocionante seria o mais apropriado.

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